Juliana Nichterwitz, da Escola de Saúde da Unisinos, Roberta Wobeto, conselheira titular da ACIST-SL no Conselho Municipal de Saúde e Paula Silva, secretária Municipal de Saúde
Alta taxa de mortalidade infantil, baixa cobertura vacinal, alteração da pirâmide etária indicando aumento da população idosa, crescimento constante de pessoas com hipertensão. Estes foram alguns dos apontamentos que estão na 26ª edição do Boletim Socioeconômico Trimestral que a ACIST-SL apresentou nesta sexta-feira, 06, cujo bloco temático foi a Saúde. Apresentados pelo economista Marcos Tadeu Lélis e debatidos pela secretária municipal de Saúde, Paula Silva, por Juliana Nichterwitz, professora da Escola de Saúde da Unisinos, com mediação de Roberta Wobeto, conselheira titular da ACIST-SL no Conselho Municipal de Saúde, os dados mostram a urgência na implantação de políticas públicas efetivas na Atenção Básica à Saúde.
O presidente da ACIST-SL, Daniel Klafke, reitera a importância dos dados para que tanto o setor público quanto o privado possam elaborar projetos para o atendimento à população. Como exemplo, há espaço para investimentos em mais leitos hospitalares, uma vez que São Leopoldo possui a maior proporção de leitos SUS da região, com 88,3% do total em 2023. Ou seja, dos 266 leitos de internação e leitos complementares do município, 235 são custeados pelo Sistema Único de Saúde.
Em 2023, a despesa per capita de São Leopoldo com saúde, em valores reais, foi de R$ 1.404,00 por habitante, apresentando uma elevação de 23,5% de em relação ao ano anterior. O município investe 32% do seu orçamento para o setor, número superior a Canoas e Novo Hamburgo, que, respectivamente, aplicam 23,8% e 22%.
A secretária da Saúde Paula Silva explica que a falta de aporte de recursos do Estado e da União faz com que o Executivo direcione um expressivo valor somente para o Hospital Centenário. “Dos 30% que a prefeitura investe em Saúde, 15% vai para o hospital, que tem um custo mensal de 13 milhões. A prefeitura aplica a maior parte, R$10 milhões, por conta da falta de repasses do Estado e da União”.
O conteúdo completo do Boletim Socioeconômico Trimestral Saúde pode ser acessado AQUI
https://acistsl.com.br/arquivos/boletim-socioeconomico-trimestral–26–edicao—-saude1733494879.pdf
O levantamento mostrou que São Leopoldo ficou abaixo da média observada no Estado em relação à cobertura vacinal contra Poliomielite, Meningocócica C e Tríplice Viral. Ao avaliar os números, a secretária Paula Silva assinalou que desde a pandemia houve uma redução drástica nas imunizações, gerada em parte pela desinformação e pelo discurso antivacina. A solução é intensificar as campanhas de vacinação tanto junto à população como também nas empresas, incentivando os trabalhadores e seus dependentes a colocarem a vacinação em dia. “Também é preciso trazer a ciência nesta discussão”, reforçou.
A Saúde Mental também foi destacada nesta 26ª edição do Boletim. Conforme o levantamento do Grupo de Pesquisa Competitividade e Economia Internacional da Unisinos, São Leopoldo apresentou aumento de suicídios, saindo de 16 em 2019 e chegando a 19 suicídios no ano de 2023. Marcos Lélis observa que este número pode ser bem maior, uma vez que muitos casos não são informados. Para Juliana Nichterwitz, a Saúde Mental deve ser foco prioritário nas empresas. Ela coloca a Escola de Saúde da universidade à disposição para a elaboração de estratégias para tornar o ambiente de trabalho um local mais saudável ao estimular boas práticas como prática de exercícios e alimentação balanceada.
Pirâmide Etária – O estudo das faixas etárias da população de São Leopoldo revelou que a pirâmide etária vem se invertendo nos últimos anos. Os gráficos apresentam uma mudança acentuada na pirâmide em 2022. No ano de 2000 a base da pirâmide, formada por habitantes de zero a quatro anos e cinco a nove anos, continha percentuais em relação a população total mais elevados, já em 2022 esse percentual que antes era de 9,2% em ambas faixas etárias, se tornou 6,6% e 6,1% nas faixas etárias de cinco a nove anos anos e zero a quatro anos, respectivamente.
As faixas de dez a 14 anos, 15 a 19 anos e 20 a 24 anos, apresentaram retração em 2022, enquanto as faixas de 25 a 29 anos e as faixas de 40 anos ou mais aumentaram em 2022. Observando as pirâmides fica evidente que as sete primeiras faixas etárias, em 2022, apresentam o menor percentual em relação a população total e as faixas de idade mais avançadas apresentam o maior percentual. Representando assim um envelhecimento populacional.
Em 2022, a população de São Leopoldo foi de 217.409 pessoas. As mulheres foram o sexo predominante no município, somando 52% da população total. Ao comparar com o ano de 2000, percebe-se que o crescimento populacional foi de 23.860 pessoas.
A faixa etária com maior percentual é entre 40 a 44 anos, a qual representa 7,9% da população total. Em números a faixa etária de 40 a 44 anos representa 8.950 mulheres e 8.227 homens que, somados, são 17.177 pessoas.
Tanto Paula Silva como Juliana Nichterwitz concordam que é preciso elaborar estratégias para atender a esta população. Em São Leopoldo, já existe um Centro do Idoso, porém, ainda é insuficiente para atender todas as necessidades. Conforme a secretária Municipal de Saúde, são cinco regiões para serem atendidas e os recursos financeiros e de pessoal estão aquém das demandas, que vão desde a capacitação das equipes de Saúde e valorização do idoso como pessoa produtiva . “Temos em torno de 20 a 25 mil idosos e este número vai aumentar”, ressalta. Juliana complementa que o mercado de trabalho precisa abrir oportunidades para o idoso promovendo a equidade no setor produtivo.
Desafios – O Boletim também apontou quatro desafios para o setor de Saúde. A começar pela redução da mortalidade infantil, prevenir o aumento da proporção de pessoas com hipertensão, expandir a cobertura potencial de Atenção Primária à Saúde e retomar a cobertura vacinal de Poliomielite, Meningocócica e Tríplice Viral.
O Boletim Socioeconômico Trimestral da ACIST-SL e cada edição destaca um dos blocos temáticos: Desenvolvimento Econômico, Segurança Pública, Educação, Saúde e Percepção de Qualidade de Vida. Para dimensionar o desempenho dos indicadores do município de São Leopoldo, utiliza como base de comparação os municípios de Novo Hamburgo, Gravataí e Canoas, por apresentarem características demográficas e de localização geográfica similares às observadas em São Leopoldo. Eles pertencem à Região Metropolitana de Porto Alegre e têm mais de 200 mil habitantes.
A realização do Boletim conta com o patrocínio da Sicredi Pioneira, Stihl, SKA, Frontec, Vila Rica Imóveis, W3K, Datwyler e Colégio Sinodal, e nesta edição especialmente, do apoio do Observatório Social de São Leopoldo.