A redução nas exportações em 12,7% e a variação no estoque de empregos de apenas 0,3% estão entre os fatores responsáveis pelo reduzido crescimento do Nível de Atividade de São Leopoldo no primeiro trimestre deste ano. O crescimento foi apenas 1% em relação ao mesmo período de 2023. A informação consta no Boletim Socioeconômico Trimestral divulgado nesta sexta-feira, 16, pela ACIST-SL. A apresentação foi realizada por Tiago Wickstrom Alves, professor do Programa
de Pós-Graduação em Economia e pesquisador do Núcleo de Competitividade e Economia Internacional, responsável pela captação dos dados. O debate sobre os indicadores foi feito por Juliano Maciel, secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico, Solon Stapassola Stahl, diretor Executivo da Sicredi Pioneira, e Ismael Correa, gerente Financeiro da STIHL, com a mediação do presidente da ACIST-SL, Daniel Klafke.
A publicação traz indicadores de emprego, investimento e meio ambiente dos municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Canoas e Gravataí. O Nível de Atividade é obtido utilizando os indicadores: arrecadação municipal (impostos sobre a prestação de serviços de qualquer natureza), geração de emprego formal (variação do estoque de emprego formal), e os efeitos Brasil (IBC-BR) e RS (IBCR-RS).
Para dimensionar o desempenho dos principais indicadores do município de São Leopoldo, tomou-se por base de comparação municípios que apresentem características demográficas e de localização geográfica similares às observadas em São Leopoldo. Nesse sentido, foram escolhidos Novo Hamburgo, Canoas e Gravataí, por pertenceram à Região Metropolitana de Porto Alegre e possuírem mais de 200 mil habitantes.
O presidente da ACIST-SL, Daniel Klakfe, apontou que o boletim faz parte das ações para conhecer e apontar sugestões para melhorar o ambiente empreendedor de São Leopoldo e seu conteúdo oferece insumos para a definição tanto de políticas públicas como para investidores potenciais.
Esta edição do BST tem como bloco temático o Desenvolvimento Econômico, cuja apresentação estava agendada para maio. Devido à enchente que atingiu São Leopoldo naquele mês, foi transferida para este dia.
Seu principal foco de análise foi o emprego. “Os indicadores do mercado de trabalho evidenciam o nível de atividade de um município, estado ou país, o que os tornam essenciais para almejar o desenvolvimento socioeconômico sustentável”, sustenta Alves.
Na comparação entre o 1º trimestre de 2024 e o 1º trimestre de 2023, São Leopoldo aumentou seu estoque de emprego formal em apenas 160 vagas, finalizando o primeiro trimestre de 2024 com um estoque estimado de 61.066 postos de trabalho formais. O município de Canoas foi o que mais expandiu seu estoque de emprego formal na mesma comparação, com 3.453 vagas a mais, enquanto Gravataí ampliou seu estoque em 2.486, ao passo que Novo Hamburgo aumentou seu estoque em 613 vagas.
A taxa de crescimento do estoque, no acumulado de 12 meses até março de 2024, frente ao mesmo período no ano anterior mostra que Gravataí apresentou o melhor resultado (+4,2%). Na mesma comparação, os demais municípios também tiveram elevações, Canoas ampliou o estoque em 3,7% e Novo Hamburgo teve crescimento de 0,8%. São Leopoldo, por sua vez, teve o menor aumento entre os municípios selecionados (+0,3%).
Serviços foi a categoria que mais gerou empregos em São Leopoldo no 1º trimestre de 2024, em comparação com o mesmo período de 2023, com um saldo positivo de 901 vagas de emprego. Por sua vez, o setor da Indústria foi responsável pelo fechamento de 985 vagas na mesma comparação.
Alves chama a atenção quanto à distribuição do emprego. Em São Leopoldo, o setor de Serviços corresponde a 43,2% do total de empregos formais, seguido pelos setores da Indústria (33,5%), Construção Civil (19,2%), Comércio (3,9%) e Agropecuária (0,14%). “Observa-se que todos os municípios em análise, possuem suas maiores concentrações no setor de Serviços, ao passo que em Canoas representa mais que 50% da distribuição”, diz o economista.
Em relação ao 1º trimestre de 2023, o setor que mais gerou empregos para o município de São Leopoldo foi o de “Atividades dos serviços de tecnologia da informação”, resultando num saldo positivo de 372 novas vagas no 1º trimestre de 2024 . Em segundo lugar, está o setor “Fabricação de produtos de borracha”, responsável pela geração de 245 vagas de emprego na mesma comparação.
Os dados apontam que a maior variação de estoque de empregos formais no setor de Atividades dos Serviços de Tecnologia da Informação foi na categoria de “Analista de suporte computacional”, com elevação de 163 novos empregos na comparação entre os trimestres.
Conforme o pesquisador, os dados mostram a importância cada vez maior do segmento de Tecnologia da da Informação como matriz econômica, mas também traz a reflexão sobre a retenção da renda destes profissionais para São Leopoldo. “Grande parte dos colaboradores das empresas de TI não mora e não consome na cidade. É preciso pensar sobre as razões e como estimular a retenção dessas pessoas”, comenta.
PIB – Ao avaliar o PIB municipal, Alves ressalta que São Leopoldo demonstra grande capacidade de resiliência para enfrentar os solavancos da economia brasileira. Em 2012, o município estava na 11ª posição entre os 20 principais municípios do Estado. “O que precisamos agora é rever como iremos nos comportar a longo prazo, para que não fiquemos estagnados”, comenta.
Exportações – O primeiro trimestre de 2024 apontou uma queda de 12,7% nas exportações de São Leopoldo. O faturamento ficou em U$ 103,4 milhões, sendo que o setor de armas e munições foi o que apresentou maior percentual de redução, de 34,5%. Este dado preocupa, uma vez que tem uma participação de 23,% sobre o total exportado. Máquinas não elétricas tiveram taxa de redução de 9,8%, mas mantiveram o primeiro lugar entre os principais setores exportadores, com uma fatia de 28,4%.
Ao comentar o cenário macroeconômico e seus impactos para São Leopoldo, Solon Stapassola apontou que há preocupação quanto ao possível aumento da taxa Selic. Mesmo sendo importante para o controle da inflação, a elevação faz com que muitos investimentos deixem de ser feitos, além de gerar inadimplência bancária. Ele revela preocupação com as empresas MEI e EPP que não conseguiram recursos para retomar as atividades após a enchente.”A maioria não conseguiu porque já estavam em dificuldades e precisamos pensar em como ajudá-las neste processo”.
Ismael Correa, gerente Financeiro da Stihl, destaca que a empresa tem investido fortemente na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e que a qualificação dos colaboradores tem programas em várias frentes, desde a formação de jovens ao incentivo de carreiras dentro do grupo em nível global. Desenvolver e reter talentos, segundo ele, são grandes desafios. O ambiente externo também tem sido desafiador, a exemplo dos conflitos bélicos no Oriente e Europa, que causam redução nas exportações.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turístico e de Tecnologia, Juliano Maciel, destacou que estão sendo elaboradas ações para maior aproximação do Parque Tecnológico São Leopoldo, visando parcerias de inovação para agilização de processos públicos. “Temos muito a avançar”, reconhece, lembrando que São Leopoldo já tem aprovada a Lei da Inovação.
Daniel Klakfe finalizou o evento reforçando a importância dos ambientes públicos e privados terem dados concretos e de oportunidades como esta para sua avaliação. “Agradeço a disponibilidade desta troca, que traz luz a várias questões que impactam diretamente o ambiente empreendedor de São Leopoldo.
O Boletim Socioeconômico Trimestral é uma publicação trimestral da ACIST-SL que desde 2018 divulga os indicadores da cidade de São Leopoldo. A cada edição, além dos dados econômicos, são divulgadas informações sobre Educação, Segurança Pública, Saúde e Desenvolvimento Econômico.
O patrocínio do Boletim é da Sicredi Pioneira, Stihl, SKA, Frontec, Vila Rica, W3K, Datwyler, Colégio Sinodal.
A apresentação dos dados pode ser acessada no site www.acistsl.com.br.