Dados do Boletim Socioeconômico da ACIST-SL mostram deficiência no atendimento materno infantil e na atenção básica
A apresentação completa pode ser acessada:
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Boletim completo:
Com o objetivo de trazer informações sobre temas relevantes para o setor produtivo e para a sociedade civil, o Boletim Socioeconômico da ACIST-SL tem pesquisado, junto a fontes oficiais, uma série de dados, comparando São Leopoldo com os municípios de Canoas, Novo Hamburgo e Gravataí. E nesta 14ª edição – são publicações trimestrais – as estatísticas coletadas acendem um sinal vermelho sobre um dos seus problemas mais nevrálgicos: a Saúde. As informações foram apresentadas nesta terça-feira, 14, nos canais on-line da entidade e contou com a participação de Siegfried Koelln, presidente da ACIST-SL, Marcelo Póvoas, diretor de Construção Civil e coordenador do Boletim Socioeconômico, Marcel Frison, secretário municipal da Saúde, Sérgio Dienstmann e Márcia Coelho, respectivamente vice-presidente e 1ª secretária do Conselho Municipal de Saúde e Marcos Lélis, coordenador do Núcleo de Excelência, Competitividade e Economia Internacional da Unisinos. A mediação foi de Maiara Fangueiro, gerente executiva da ACIST-SL.
Dos vários dados preocupantes, os que apontam para o atendimento materno-infantil e para a atenção básica são os mais gritantes.
Dentre os municípios destacados, São Leopoldo é o único que nunca alcançou a meta estadual em nenhum dos anos observados (2016 a 2019) quanto à taxa de mortalidade infantil. O RS estipulou para 2019 uma taxa de até 9,50% para cada mil crianças que vêm a óbito antes de completar um ano. São Leopoldo ficou com 11,08%.
Na cobertura da taxa de nascidos vivos cujas mães fizerem sete ou mais consultas pré-natal, São Leopoldo sempre ficou atrás nos anos avaliados (2017 a 2020) não somente perante os demais municípios estudados, mas também em nível estadual e nacional. Em 2020, o índice ficou em 69%.
Esta mortalidade pode ter relação o alto número de gravidez na adolescência. Enquanto a meta do Estado é de 10,4%, São Leopoldo tem um percentual de 11,6%, que é sempre maior em relação aos demais municípios.
Vacinas – A cobertura vacinal também não tem avançado. Em 2020, dos municípios utilizados como comparação, São Leopoldo ficou abaixo da média observada no Estado para a imunização contra a Poliomielite, Meningocócica C e Tríplice Viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola). É o pior índice de cobertura em relação a estas vacinas. Como exemplo, as cidades de Gravataí e Canoas apresentaram índice de cobertura superior à média do Estado em relação às mesmas vacinas.
Recursos – São Leopoldo tem destinado para a Saúde, ao longo dos anos, um percentual de recursos financeiros próprios acima dos estipulados 14% pela União. Em 2019, foram aplicados 35%, o que somou R$ 506 milhões e no ano seguinte, 33%, isto é, R$ 502 milhões, enquanto as demais cidades comparadas não ultrapassaram os 27%.
Os valores, porém, não impactam de modo positivo na qualidade do atendimento aos pacientes. Em 2020, a despesa do município foi de R$ 908,00 por habitante. E mesmo com um aumento de 7% em relação ao ano anterior, ficou em atrás dos municípios de Novo Hamburgo, que destinou R$ 1.020,00 e Canoas, com R$ 1.450,00. São Leopoldo ficou acima apenas de Gravataí, que destinou R$ 759,00 per capita.
Estes investimentos impactam em áreas como a Cobertura de Estratégia de Saúde da Família. Se em 2020 os três demais municípios ficaram abaixo da média do Estado em relação ao indicador, São Leopoldo foi o que registrou a menor taxa. A média estadual de cobertura é de 58,2%, enquanto São Leopoldo atuou em apenas 13,1% dos cidadãos.
Médicos – O atendimento à população também é refletido pelo número de médicos. Enquanto o Ministério da Saúde indica como ideal 2,5 médicos por mil habitantes, São Leopoldo, mesmo apresentando um aumento neste indicador desde 2015, ainda possui o pior índice entre os municípios pesquisados, registrando apenas 1,38 médicos por mil habitantes em 2020.
No ano passado, 76,1% do total de médicos do município de São Leopoldo atuaram pelo Sistema Único de Saúde, Novo Hamburgo, por sua vez, registrou o menor índice, com 48,0% dos médicos do município atendendo pelo SUS, sinalizando o equilíbrio entre a oferta de serviços públicos e privados de Saúde.
A dependência da Saúde Pública também tem reflexo no número de leitos disponível em São Leopoldo, uma vez que é ofertado por um único hospital e que é 100% público. Em 2020, 87,2% dos leitos de internação e complementares foram disponibilizados pelo SUS. Isto é, dos 257 leitos destinados à população, 224 eram pelo Sistema Único de Saúde.
No ano anterior (2019), São Leopoldo foi o município com maior participação de habitantes utilizando os leitos hospitalares. Isto indica que, apesar de o Hospital Centenário ser um centro de saúde regional, que atende outros municípios, o maior número de pacientes tem origem na própria cidade.
Em 2020, São Leopoldo contabilizou mais um índice de Saúde Pública preocupante: 12.25% dos óbitos registrados foram identificados como “óbitos por causas mal definidas”. A meta do Estado é de 5% por mil habitantes.
Desafios a vencer
O objetivo do Boletim é sugerir pontos de melhoria. Urge que tanto a Saúde Materna quanto a Infantil sejam parte de um amplo planejamento, para que, ao mesmo tempo em que se reduz a mortalidade infantil, aumente o número de gestantes que realizem pelo menos sete consultas pré-natal. Estas medidas se inserem na atenção básica, onde é preciso aumentar a cobertura dos programas familiares e também o atendimento de quem precisa de internação, por meio de maior oferta de leitos.
O presidente da ACIST-SL, Siegfried Koelln, destacou que a disponibilidade de informações é o que possibilita a tomada de decisões adequadas e que a informatização, enfatizada pelo secretário Marcel Frison como uma das principais metas para 2022, é de extrema importância, ainda mais em uma cidade tecnológica como São Leopoldo.
Ele apontou ainda que a entidade pode contribuir para corrigir a distorção quanto ao repasse de recursos por parte do governo do Estado na área da Saúde. Em um movimento suprapartidário, irá inserir a Saúde como primeiro item na Carta de Demandas que a entidade entregará para os candidatos ao Governo do Estado em 2022, encaminhando-a também para a Assembleia Legislativa.
O dirigente refere-se à informação do secretário Marcel Frison sobre as dificuldades em receber recursos por parte do Governo do Estado para cobrir as despesas do Hospital Centenário e que poderão reduzir ainda mais caso for aprovado o Programa Assistir.Metas – O secretário reconheceu as deficiências nos vários segmentos avaliados, relatando que a atenção básica, apontada pelo Boletim como um importante foco de atenção, deverá ter sua capacidade duplicada. A começar pelo Programa Primeira Infância Melhor, para enfrentar a mortalidade infantil, aumentando a vacinação e o atendimento. A construção de quatro ou cinco unidades básicas de saúde também integra a meta, assim como a ampliação do atendimento na UPAs e a urgente automatização dos processos, para a geração de dados. “Hoje a Saúde é analógica. A administração está na década de 70. Planilhas são feitas à mão e é preciso romper com este ciclo com um salto na informatização”.
Sérgio Dienstmann e Marcia Coelho, representantes do Conselho Municipal de Saúde, ressaltaram que os dados do Boletim devem ser incluídos no Plano Municipal de Saúde, servindo de apoio para a tomada de decisões. “Esta é o momento em que a sociedade civil colabora para a busca de melhorias”, disse Dienstmann.
O Boletim é um projeto da ACIST-SL em colaboração com o Núcleo de Excelência – Competitividade e Economia Internacional da Unisinos e tem o patrocínio da Sicredi Pioneira, Oliva Construtora, SKA e Frontec.
Redação: Elizabeth Renz | Coordenadora de Conteúdo